BC vai continuar ritmo de alta para levar inflação à meta, diz Galípolo em carta

BC vai continuar ritmo de alta para levar inflação à meta, diz Galípolo em carta

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) continuará aumentando a taxa Selic para assegurar que a inflação convirja para a meta estabelecida.

Segundo a autoridade monterária, o ciclo de aperto será mantido até que a inflação esteja adequadamente controlada e dentro das metas definidas pelo governo.

“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões [do Copom]”, escreveu. Atualmente, a taxa está em 12,25% ao ano.

As afirmações estão em uma carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no qual Galípolo explica os motivos do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter estourado o teto da meta fixada pelo governo no ano passado.

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (10), a inflação de 2024 ficou em 4,83%. O número estoura a meta estabelecida em 3%, com tolerância máxima de 1,5% para mais ou para menos. Ou seja, o teto seria uma inflação em 4,5%.

“Vários riscos se materializaram, tornando o cenário mais adverso, mas menos incerto, permitindo maior visibilidade para que o Comitê oferecesse uma indicação de como antevia as próximas decisões”, escreveu Galípolo.

O presidente do BC pontuou ainda que a magnitude total do ciclo de aperto monetário “dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Na ata do último Copom de 2024, o colegiado aumentou em 1 ponto percentual a taxa básica de juros, justificando a necessidade de “uma política monetária ainda mais contracionista”.

Os diretores ainda pontuaram que, “se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”.

A próxima reunião está marcada para os dias 21 e 22 de janeiro, a primeira sobre a gestão de Gabriel Galípolo, que assumiu o cargo no dia 1º de janeiro, em função do fim do mandato do ex-presidente Roberto Campos Neto.

Galípolo evita falar de fiscal

Na mesma carta, Galípolo evitou falar sobre a questão fiscal no país, um dos pontos que fez com que a confiança dos investidores deteriorasse contribuindo com recorde de fuga de dólares no país.

No documento, o presidente do BC cita apenas duas vezes a palavra “fiscal”. Uma para justificar a depreciação do real e valorização do dólar e outra para explicar o início do aperto monetário.

“O fato de o real ter sido a moeda de maior depreciação em 2024, considerando seus pares ao nível internacional e os países avançados, sugere que fatores domésticos e específicos do Brasil tiveram papel expressivo nesse movimento cambial”, pontuou.

Galípolo diz que, no âmbito doméstico, “a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”.

Na segunda menção, o presidente do BC fala que a questão fiscal foi um dos fatores observados na pesquisa Focus para fazer com que o Copom iniciasse o aperto monetário, quando manteve pela segunda vez consecutiva a Selic no mesmo patamar.

“Foi mencionada [na reunião] a piora da percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal e seu impacto sobre os preços de ativos e as expectativas dos agentes” escreveu.

O descumprimento da meta de inflação faz com que o presidente do Banco Central tenha que escrever uma carta ao ministro da Fazenda explicando as razões do descumprimento, as providências para garantir a convergência da inflação à meta e o prazo para que isso ocorra.

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Matheus Augusto

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