Christopher Garman: Acordo entre União Europeia e Mercosul finalmente vai sair?
O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul parece estar mais próximo de se tornar realidade, segundo análise de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do grupo Eurasia. Três fatores principais sustentam essa perspectiva otimista.
Em primeiro lugar, o cenário geopolítico atual tem impulsionado o interesse da União Europeia em finalizar o acordo.
A crise entre Rússia e Ucrânia levantou preocupações sobre segurança alimentar e energética, enquanto a volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos aumentou a apreensão em relação às relações transatlânticas e ao protecionismo comercial.
Ambiente político favorável
O segundo fator é o ambiente político-eleitoral na União Europeia. Após as eleições de meio de ano, o bloco de centro-direita se manteve forte, com Ursula von der Leyen sendo reconduzida ao cargo.
Além disso, o presidente francês Emmanuel Macron não saiu tão enfraquecido quanto se temia. Esse cenário sugere que há condições para aprovar ao menos a parte comercial do acordo, que não requer unanimidade dos membros do bloco.
Por fim, o ambiente nos países do Mercosul também se mostra alinhado em favor do acordo. O presidente argentino, Javier Milei, sinalizou que deve aprovar qualquer acordo comercial, superando a resistência do governo anterior de Fernandez.
No Brasil, o presidente Lula tem demonstrado a necessidade de avançar nesse acordo para manter o Mercosul coeso e “de pé”.
Apesar desses fatores positivos, Garman reconhece que ainda existem desafios a serem superados.
As negociações sobre questões ambientais são complexas, e há oposição de agricultores europeus que podem tentar minar o acordo. No entanto, o analista considera que a probabilidade de conclusão do acordo é maior do que nunca.
Um indicador significativo dessa tendência é a recente declaração do CEO do Carrefour, anunciando que não comprará carnes brasileiras para sua rede de supermercados na França. Para Garman, isso sinaliza que, mesmo na Europa, há um reconhecimento de que o acordo pode estar próximo de se concretizar.