Consórcio propõe investir US$ 500 milhões e assumir Avibras
Um consórcio de quatro grandes empresas e fundos de investimentos se juntou para deflagrar uma nova ofensiva pelo controle da Avibras.
Símbolo da indústria de defesa nacional, fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras vive uma crise prolongada.
A nova tentativa de salvar a Avibras envolve o grupo Brasilinvest, do empresário Mario Garnero, o Abu Dhabi Investment Group (ADIG), o fundo de investimentos americano GF Capital e a Akaer. O consórcio assinou um memorando de entendimentos, com validade até agosto de 2025, em que se compromete a investir mais de US$ 500 milhões na reestruturação e na expansão da Avibras.
A empresa está em recuperação judicial, tem mais de R$ 600 milhões em dívidas, acumula problemas trabalhistas e atrasos no desenvolvimento de produtos encomendados pelo Exército Brasileiro. O Ministério da Defesa e o Exército acompanham de perto as tratativas.
O documento, firmado pelos quatro grupos, prevê a elaboração de um plano de negócios até 4 de abril para assumir a empresa.
Na prática, segundo o próprio memorando de entendimentos, se trataria de uma fusão entre a Avibras e a Akaer.
Sediada em São José dos Campos (SP), principal polo da indústria de defesa do país, a Akaer Engenharia Espacial é uma empresa em franco crescimento e tornou-se destaque no setor.
A Avibras já foi alvo do interesse da chinesa Norinco, mas as Forças Armadas e o governo viam com preocupação a possibilidade de a empresa ir parar nas mãos de um grupo da China, em momento de forte rivalidade geopolítica com os Estados Unidos.
No começo de 2024, a Avibras entrou em tratativas com a companhia australiana DefendTex. O negócio, porém, não foi levado adiante.
A Avibras, que tem sede em Jacareí (cidade vizinha a São José dos Campos), foi uma das pioneiras no país na produção de equipamentos bélicos de ponta, como mísseis e lançadores de foguetes.
Hoje a empresa é controlada e presidida por João Brasil Carvalho Leite, filho de um dos fundadores, que tem mais de 90% das ações.
Segundo relatos feitos por oficiais militares à CNN, o Exército tem cerca de R$ 60 milhões em encomendas à Avibras de produtos que ainda não foram entregues.
Além disso, o ponto alto da parceria da força terrestre com a empresa do Vale do Paraíba gira em torno do Astros — um dos projetos estratégicos do Exército.
O Astros tem como objetivo dotar a força com um sistema de foguetes de artilharia com longo alcance e elevada precisão. A Avibras é parte relevante do programa.
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