Garman: Trump tem início tímido em tarifas e dá alívio ao mercado
O início do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, trouxe um alívio inicial aos investidores em Nova York e Londres, segundo Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group. As primeiras ações do presidente americano focaram em mudanças na área de imigração, redução de regulações e incentivos à produção de energia.
Para o diretor da Eurasia, o mercado reagiu positivamente à abordagem inicial mais moderada de Trump em relação às medidas tarifárias e ao protecionismo comercial.
“O presidente Trump não anunciou novas medidas tarifárias, prometeu que pode haver uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses no primeiro de fevereiro e também ameaçou uma tarifa de 25% sobre o México e o Canadá“, explica Garman.
Previsão de escalada nas tensões comerciais
Apesar do começo cauteloso, Garman adverte que é prematuro concluir que Trump será mais moderado em suas políticas comerciais e imigratórias. A Eurasia Group ainda prevê um aumento substancial nas tarifas sobre produtos chineses, além de possíveis tarifas sobre México, Canadá e União Europeia.
“O fato de ele ainda não ter iniciado com tarifas mais pesadas não é um sinal que vamos ter uma versão mais amena do governo Trump”, alerta o analista. Ainda de acordo com Garman, esta perspectiva sugere um cenário desafiador para o Brasil, com a possibilidade de um dólar mais forte, moedas de mercados emergentes mais fracas e crescimento econômico menor.
Impactos para o Brasil
As relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos também podem sofrer, segundo Garman. A equipe de Trump não reagiu bem à decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) de não permitir que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) viajasse para a posse de Trump.
Além disso, o desalinhamento ideológico entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode resultar em tarifas mais pesadas para o Brasil, apesar do déficit comercial do país com os Estados Unidos.
“O ambiente econômico ainda pode ser desafiador para o Brasil e na agenda bilateral nada promissora, a despeito de sinais um pouco mais modestos no âmbito tarifário”, conclui Garman.