Itaú passa a ver Selic em 15,75% neste ano com pressão de câmbio e inflação
A taxa básica de juros, a Selic, deve fechar 2025 em 15,75%, de acordo com nova projeção do Itaú Unibanco. Anteriormente, a previsão era de 15% neste ano.
A revisão da equipe econômica do banco acontece após piora da depreciação cambial do real e cenário inflacionário desancorado que levará o Banco Central (BC) a aumentar o aperto monetário ao menos até final de 2025.
Já para 2026, a projeção é que a Selic deve se manter em 13,75% até dezembro do próximo ano. A previsão anterior do Itaú era de 13%. A avaliação do banco é que aconteçam mais duas altas de 1 ponto percentual (p.p.) nas primeiras reuniões do ano com mais duas altas de 0,75 p.p. nas posteriores.
O relatório aponta que caso o movimento continue, há o risco de que o BC não consiga reduzir o ritmo de alta em maio.
“Por um lado, a política monetária mais restritiva deve impactar a economia com mais força a partir do 2º trimestre de 2025. Por outro, a dinâmica do real e das expectativas de inflação serão cruciais para determinar o tamanho do ciclo”, afirma equipe de economistas do Itaú.
A avaliação do banco prevê que o real tem espaço para apreciação limitado em 2025. A divisa brasileira está projetada para R$ 5,90 em 2025 e 2026 ante R$ 5,70 da estimativa anterior.
Entre as principais incertezas externas e domésticas que devem seguir pressionando a moeda estão o fortalecimento do dólar, elevado prêmio de risco brasileiro diante das incertezas fiscais e piora da dinâmica da conta corrente, refletindo atividade econômica aquecida.
O Itaú não descarta uma nova extensão no ciclo de juros e postergação dos cortes para 2026 caso haja nova rodada de depreciação da moeda ou deterioração adicional das expectativas.
Já a inflação também foi revisada para cima, em 5,8% ante 5% anteriormente, sendo puxada pelo real depreciado e setor de serviços mais pressionado.
“O repasse da variação cambial para a inflação parece estar mais rápido do que o usual [2 a 3 trimestres]. Já temos visto aceleração na margem dos itens mais sensíveis ao câmbio”, indica o relatório.
Para 2026, a estimativa é de 4,5%, compensada parcialmente por um desemprego mais alto.
O Itaú espera desaceleração a partir do segundo trimestre deste ano em função da redução dos impulsos fiscal via transferências e monetário, com alta da Selic, com impacto mais pronunciado neste período. Com isso, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve ficar em 2,2%.
Para 2026, foi revisada a projeção de crescimento para 1,5% (de 2,0%). O efeito defasado da política monetária tende a ser mais pronunciado em 2026, indica o banco.
O relatório aponta que existem incertezas, no entanto, em relação à reação de política fiscal e parafiscal diante da desaceleração da atividade em ano eleitoral.
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