Juros futuros batem 15% entre 2026 e 2027 com fiscal no radar
Os juros futuros encerraram esta segunda-feira (9) em alta expressiva com a política fiscal do governo federal no radar dos investidores.
Os contratos de depósitos interfinanceiros (DIs) com vencimento entre 2026 e 2027 fecharam o dia com taxas em 15% ao ano.
A frustração com o pacote de medidas de contenção apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levou os agentes econômicos a elevarem as expectativas para a alta dos juros na última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), entre esta terça (10) e quarta-feira (11).
Operadores do mercado aumentaram as apostas para de alta de 1 ponto na Selic, mas com projeções também indicado avanço de 0,75 ponto.
Atualmente a taxa está em 11,25% ao ano.
O temor fiscal somado à expectativa com dados da inflação no Brasil e nos Estados Unidos também fizeram o dólar fechar em alta, a R$ 6,082, maior desde o lançamento do Plano Real, em 1994.
“A dinâmica negativa nos mercados de juros e câmbio seguiu comandada pelo pessimismo crescente do mercado com relação ao cenário fiscal do país e pela consolidação das apostas de um ciclo de aperto monetário mais célere e de maior magnitude”, escreveu em relatório Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena.
Inflação
Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o indicador oficial da inflação brasileira – de novembro serão publicados nesta terça-feira (10).
Economistas consultados pela Reuters projetam uma desaceleração da inflação ao consumidor para 0,37% na base mensal, de 0,56% em outubro.
Em 12 meses, a previsão é que o índice tenha acelerado para alta de 4,85%, ante 4,76% em outubro. O nível se mantém acima da meta perseguida do BC, de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
O mercado também recebeu mal a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de rejeitar um recurso apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) para revisar as regras que havia definido na semana passada para liberar o repasse de emendas parlamentares.
O movimento levou a piora das expectativas sobre aprovação do pacote fiscal ainda neste ano.
Mercado mais pessimista
Dados do Boletim Focus, pesquisa semanal do BC com agentes do mercado, mostraram piora para juros, inflação e câmbio em 2024 e nos próximos anos.
A expectativa para a Selic está em 12% ao fim deste ano e 13,5% em 2025.
Os investidores passaram a ver altas do IPCA de 4,84% e 4,59% respectivamente em 2024 e 2025, de 4,71% e 4,40% antes.
Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação acima do teto da meta perseguida pela autarquia — com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo – este ano e no próximo, com aumentos nas perspectivas para o dólar.
A pesquisa Focus mostrou que os economistas agora preveem altas do IPCA de 4,84% e 4,59% respectivamente em 2024 e 2025, de 4,71% e 4,40% antes.
A pressão inflacionária vem também do enfraquecimento do real. O Focus mostrou ainda que a expectativa para o dólar ao final deste ano subiu de R$ 5,70 para R$ 5,95, enquanto que para 2025 passou de R$ 5,60 para R$ 5,77.
As contas para o Produto Interno Bruto (PIB) também foram ajustadas para cima, com a estimativa de crescimento em 2024 agora em 3,39% e para 2025 em 2%.
Na semana passada as expectativas eram respectivamente de expansão de 3,22% e 1,95%.
Ranking: Brasil tem o 3º maior juro real do mundo com Selic a 11,25%
*Com informações de Reuters