Juros futuros caem em dia de redução de excessos no Brasil após dado moderado nos EUA

Juros futuros caem em dia de redução de excessos no Brasil após dado moderado nos EUA

As taxas dos DIs fecharam a terça-feira (14) novamente em baixa firme, com investidores dando continuidade à mais recente retirada de excessos nos prêmios, em um dia marcado ainda por dados moderados de inflação ao produtor nos EUA, que pesaram sobre os rendimentos dos Treasuries.

O movimento consolidou ainda mais na curva a termo as apostas de aumento de apenas 100 pontos-base da taxa básica Selic no fim deste mês, como foi sinalizado pelo Banco Central nas comunicações recentes.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 – um dos mais líquidos no curtíssimo prazo – estava em 13,99%, ante o ajuste de 13,999% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,895%, ante o ajuste de 14,945%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,04%, em baixa de 17 pontos-base ante 15,206% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,9%, em queda de 16 pontos-base ante 15,059%.

Pela manhã o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para a demanda final aumentou 0,2% em dezembro, após avanço não revisado de 0,4% em novembro.

Economistas consultados pela Reuters haviam previsto alta de 0,3%. No período de 12 meses até dezembro, o índice acelerou para 3,3%, após aumento de 3,0% em novembro.

O avanço moderado do PPI no mês passado fez os yields dos Treasuries despencarem, em meio a uma avaliação mais positiva sobre a inflação norte-americana, e no Brasil as taxas dos DIs acompanharam.

“O PPI lá fora foi um pouco abaixo do esperado. Além disso, na ausência de notícias negativas no Brasil, a gente vê um certo alívio na curva, depois da forte abertura vista no fim do ano passado”, comentou Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, ao justificar o recuo das taxas futuras nesta terça-feira.

“Ainda vejo muita ‘gordura’ (de prêmios) na curva no médio e no longo prazo, (nos contratos) de 2027 a 2033”, acrescentou.

De fato, desde o início do ano, em função do recesso do Congresso Nacional, o noticiário ligado à área fiscal diminuiu, abrindo espaço para alguma redução de prêmios na curva, conforme avaliação de profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias. Neste caso, vale a máxima de mercado: “no news, good news” (nenhuma notícia, boa notícia).

A taxa do DI para janeiro de 2027, por exemplo, já recuou 75 pontos-base desde o fim do ano passado, embora permaneça acima dos 15%.

Na ponta curta, os ajustes deste início de ano vão aos poucos consolidando as apostas de que o BC manterá este mês o ritmo de alta de 100 pontos-base da Selic, hoje em 12,25% ao ano.

Perto do fechamento desta terça-feira a curva precificava 88% de probabilidade de elevação de 100 pontos-base no fim do mês, contra 12% de chance de aumento de 125 pontos-base. Na última segunda-feira (13), os percentuais eram de 80% e 20%, respectivamente.

Na manhã desta terça-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ser de “bom tom” esperar a eleição das mesas diretoras da Câmara e do Senado, prevista para o início de fevereiro, para posteriormente enviar ao Legislativo a proposta de reforma do Imposto de Renda.

Segundo ele, o governo trabalha para que o Orçamento de 2025, ainda a ser votado, considere isenção de IR para trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, mesmo parâmetro do ano passado.

No exterior, às 16h38, o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha queda de 4 pontos-base, a 4,363%. Já o retorno do título de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 2 pontos-base, a 4,786%.

Quais são as melhores opções para investir em 2025?

Matheus Augusto

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