Mauro Mendes achou desproporcional reação da OAB-MT sobre posicionamento do procurador de MT – Jornal Advogado – Em Mato Grosso
O governador Mauro Mendes (União) considera a reação da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT), como “desproporcional” em relação ao posicionamento do procurador-geral Deosdete da Cruz Junior. Na última semana, Deosdete defendeu a gravação das conversas entre advogados e seus clientes presos, o que gerou a crítica da OAB. Para Mendes, a entidade exagerou, já que as declarações do procurador não atacam a advocacia como um todo.
Mendes expressou: “Achei um pouco desproporcional a reação deles. Respeito as opiniões, mas advogados, juízes, engenheiros e políticos cometem crimes. A advocacia em si não foi alvo de ataque. O que o procurador-geral mencionou é que alguns advogados atuam como intermediários para transmitir informações de dentro dos presídios para faccionados que representam.”
Ele citou a Operação Fair Play, realizada pela Polícia Judiciária Civil, onde um advogado é suspeito de atuar como laranja para um criminoso de alta periculosidade. “Recentemente, tivemos uma operação em que um advogado estava sendo utilizado dessa forma. Acredito que a OAB defende os bons advogados, assim como o Conselho de Medicina defende os bons médicos. Contudo, é necessário punir os que erram, assim como em qualquer profissão. Qualquer cidadão que comete um crime deve ser tratado como tal”, enfatizou.
O governador reiterou que a discussão proposta por Deosdete não se refere à classe como um todo, mas a indivíduos específicos, visando a segurança da sociedade. “Portanto, considero a reação muito desproporcional. Podemos sim falar sobre pessoas, sem generalizar uma classe. Não vi o procurador afirmar que a classe comete crimes, mas sim que há advogados que já cometeram delitos em todo o Brasil”, concluiu.
Na terça-feira (26), a OAB protocolou uma interpelação judicial contra Deosdete, em resposta às suas declarações feitas no dia anterior durante o lançamento do programa Tolerância Zero ao Crime Organizado. A presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, justificou a ação ao dizer que “não se pode permitir que um direito do cidadão e uma prerrogativa da advocacia sejam relativizados”.
Ela afirmou: “O sigilo entre advogado e cliente é absoluto e garante os direitos fundamentais e constitucionais do cidadão. Mais do que discordar, lamento profundamente o comentário do procurador. Não aceitaremos esse tipo de sugestão.”
Redação JA/ Foto: Secom-MT