Tarifas dos EUA no aço podem forçar Brasil a buscar novos mercados

Tarifas dos EUA no aço podem forçar Brasil a buscar novos mercados

Se oficializada, a tarifação dos Estados Unidos na compra de aço e alumínio forçaria o Brasil a ter que diversificar o mercado de exportações, principalmente com a queda da demanda da China, segundo especialistas consultados pela CNN.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que anunciará nesta segunda-feira (10) tarifas de 25% sobre todas as importações de aço para o país.

O Brasil foi o 2º fornecedor de aço e ferro aos EUA em 2024.

Os norte-americanos lideram a lista de parceiros do país nesse cenário, com US$ 5,7 bilhões.

A China é a segunda maior compradora da matéria-prima brasileira, sendo responsável por movimentar US$ 1,27 bilhão no mercado de exportações em 2024 — diferença de R$ 3,8 bilhões.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, explica que as tarifas afetaram o mercado de aço além da redução de exportações.

“Mesmo que o Brasil focasse na China para compensar as exportações dos EUA, não iria ser capaz de preencher a diferença, já que a China tem desacelerado sua demanda pelo material nos últimos anos.”

Segundo analistas consultados pela Reuters, as compras pela China do minério de ferro, principal material para fabricação de aço, deverão aumentar entre 10 milhões e 40 milhões de toneladas, para até 1,27 bilhão de toneladas este ano.

Na prática, caso esse aumento se realize, a necessidade chinesa de importação de aço se reduzirá significativamente, com demanda resiliente nos próximos anos, apesar da persistente fraqueza do setor imobiliário do país.

As exportações chinesas de itens classificados como “ferro fundido, ferro e aço” vêm desacelerando desde 2020, quando atingiu o patamar de US$ 2,12 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Marcela Franzoni, professora de Relações Internacionais do Ibmec-SP, ressalta que diversificação pode ser difícil de se efetivar no curto prazo.

“Existe toda uma estrutura produtiva que está focada. Analisando o mercado de um país destino para as exportações, ainda é mais complexo achar um substituto pela depreciação do preço do aço.”

Para Cruz, com a ameaça de tarifas, o acordo entre Mercosul e União Europa seria perfeito para facilitar essa “transição”, caso estivesse em vigência.

“Quanto mais fechado o mercado americano, mais aberto outros mercados. Não tem como substituir o EUA, mas é possível focar em outros países da Europa, que já são grandes importadores do aço brasileiro, para absorver as exportações do produto.”

Outra alternativa é tentar conseguir condições especiais para o aço brasileiro no mercado americano.

Em 2019, Trump durante seu primeiro mandato sobretaxou em 25% o aço e 10% o alumínio importados.

Na época, o Brasil conseguiu negociar uma forma de evitar as tarifas, através de cotas máximas de importação que, se não fossem excedidas, ficavam isentas.

“Paralelamente à diversificação, o Brasil precisa negociar com o governo Trump para conseguir algo similar ao acordo feito durante o primeiro mandato dele”, pontua Franzoni.

Matheus Augusto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *