Texto original das offshores era positivo à matriz energética, diz Fiemg à CNN
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, expressou preocupação com os “jabutis” incluídos no projeto de lei que regulamenta a operação das eólicas offshore.
Em entrevista ao CNN 360º, Roscoe destacou que o projeto original tinha méritos significativos para a expansão da capacidade de energia renovável no país.
“O conteúdo do projeto original era positivo sob vários aspectos para a matriz energética”, enfatizou o presidente da Fiemg.
No entanto, durante o processo de tramitação no Legislativo, foram adicionados artigos que, na visão de Roscoe, “desvirtuam a essência do projeto”.
Impactos econômicos e ambientais
As mudanças no projeto podem resultar em um aumento significativo no custo da energia para os consumidores brasileiros, segundo o presidente da Fiemg.
“Primeiro, pelo custo da energia que vai subir para todos, 9% de impacto na tarifa”, alertou.
Roscoe ressaltou que esse aumento não afetará apenas as contas de luz residenciais, mas terá um efeito cascata na economia: “o preço do pãozinho vai subir mais de 2%, a cesta básica vai subir mais de 3% com esse aumento”.
Além do impacto econômico, Roscoe enfatizou as consequências ambientais negativas das alterações propostas.
“É ruim para o meio ambiente porque a emissão de energia térmica fóssil, uma usina térmica a carvão mineral polui 35 vezes mais do que o nível elétrico”, explicou. Ele acrescentou que mesmo usinas térmicas a gás natural são significativamente mais poluentes que as hidrelétricas.
O presidente da Fiemg concluiu ressaltando que as mudanças no projeto vão contra os compromissos internacionais do Brasil de reduzir as emissões de CO2.
“Isso é extremamente negativo para o conjunto de emissões de CO2 do Brasil, extremamente danoso ao meio ambiente. E ainda por cima com alto custo social porque vai impactar o bolso de todos os brasileiros”, finalizou Roscoe.
Benefício das offshores
Flávio Roscoe ainda defendeu os benefícios da implementação de usinas eólicas offshore no país. Segundo ele, a principal vantagem dessa tecnologia é a diversificação da matriz energética brasileira.
“A gente ficaria menos dependente ao diversificar assuntos. Então a principal vantagem não é econômica no possível, porque ainda é uma energia relativamente cara, mas ela é sustentável”, afirmou o presidente da Fiemg.
O executivo ressaltou que, embora as eólicas offshore ainda sejam mais caras que as instalações em terra firme, elas apresentam vantagens em relação a outras fontes: “Ela não é tão cara como as térmicas que estão ali propostas, mas a eólica offshore ainda é mais cara que a eólica no continente”.
“O importante do projeto é que ele abre as perspectivas para que esse tipo de energia possa ser expandida no futuro. Então ele traz ali condições para a expansão e diversificação da nossa matriz”, pontuou.
O presidente da Fiemg também comentou sobre a posição do governo em relação ao projeto de lei que regulamenta as eólicas offshore: “O governo, na minha leitura, está agindo de maneira adequada ao vetar e a gente espera que o Congresso ali mantenha o veto”.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e o Ministério da Fazenda apresentaram ao presidente Lula (PT) um posicionamento favorável ao veto dos “jabutis” incluídos no Projeto de Lei das eólicas offshore. O Ministério de Minas e Energia também acompanhou este entendimento, conforme apuração da CNN.
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