Últimas decisões sinalizam postura técnica por parte do BC sob Galípolo, diz economista ao WW

Últimas decisões sinalizam postura técnica por parte do BC sob Galípolo, diz economista ao WW

Em entrevista ao WW desta quarta-feira (1º), Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset, afirmou que o mercado acredita que o novo presidente do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo e os demais indicados pelo governo Lula devem dar sequência ao trabalho técnico da autarquia.

“Eles [os novos diretores] têm dado mostras de que serão técnicos”, observou Kawauti. Além do ex-diretor de Política Monetária, assumem novos cargos no BC Nilton David (que ficará responsável pela cadeira deixada por Galípolo), Gilneu Vivan (Regulação) e Izabela Correa (Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta​).

“O que a gente viu nas últimas reuniões é que provavelmente teremos uma continuidade do trabalho do Roberto Campos Neto nessa nova gestao do Galipolo, tanto é que o Banco Central ja contratou duas altas de 100 pontos nas duas primeiras reuniões de 2025”, ressaltou.

Em junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o ciclo de cortes que vinha promovendo na Selic, a taxa básica de juros do país. Desde então, retomou a postura de endurecimento monetário em setembro e, nas duas reuniões seguintes, colocou o pé no acelerador.

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Kawauti acredita que a comunicação do BC será crucial para a construção da boa relação com o mercado. Um fator que vinha incomodando os agentes econômicos é que, desde março, o Copom havia deixado de informar seu forward guidance, os próximos passos que tomaria.

Os diretores do colegiado buscaram amenizar esses receios indicando que o cenário era incerto demais para se comprometer.

Em dezembro, na última reunião de 2024, o BC retomou a sinalização ao indicar que os juros devem chegar a 14,25% em março. O patamar fixado no último encontro do ano foi de 12,25%.

“[Galípolo] fez um bom trabalho nesse sentido, o mercado imagina que o Banco Central vai continuar [compromissado com a meta de inflação]”, avaliou Kawauti.

A economista reforça que a proximidade entre o novo presidente e o Executivo pode ser positiva para reduzir os ruídos entre as duas partes.

E, apesar do temor de que o BC possa sofrer alguma interferência política – o que o mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou em pronunciamento feito ao lado de Galípolo -, Kawauti pontuou que “do lado da política monetária, a preocupação não é tão grande como do lado da política fiscal”.

O que (e como) o BC pode fazer para derrubar o dólar?

Matheus Augusto

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