Boeing chega a acordo com sindicato para evitar greve nos EUA

Boeing chega a acordo com sindicato para evitar greve nos EUA

A Boeing e o sindicato dos Maquinistas, que representa 33 mil de seus funcionários na Costa Oeste dos EUA, chegaram a um acordo preliminar que pode evitar uma greve prevista para começar nesta sexta-feira (13).

Antes de entrar em vigor, o acordo precisará da aprovação dos membros do sindicato que constroem os jatos comerciais. No entanto, a liderança do sindicato elogiou o acordo preliminar e afirmou que ele alcançou os objetivos do sindicato.

“Vocês nos enviaram aqui para defender com firmeza suas prioridades, e estamos orgulhosos de ter feito isso”, disse a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais neste domingo (8), em um comunicado em seu site oficial.

A Boeing afirmou que o acordo prevê aumentos salariais que totalizam 25% ao longo dos quatro anos de duração do contrato, melhorias nas contribuições para planos 401(k), redução nas contribuições dos funcionários para o seguro de saúde e aumento no tempo de folga.

O acordo representa o maior aumento salarial da Boeing para membros sindicalizados.

“Escutamos o que é importante para vocês no novo contrato. E chegamos a um acordo preliminar com o sindicato sobre uma oferta histórica que cuida de você e de sua família”, disse Stephanie Pope, CEO da unidade de aviões comerciais da Boeing, em comunicado.

O acordo também inclui maior segurança no emprego para membros do sindicato, com a promessa de construir o próximo novo avião em uma das fábricas representadas pelo sindicato na região de Puget Sound. A Boeing tem uma fábrica não sindicalizada na Carolina do Sul, onde fabrica o 787 Dreamliner.

Nos dois últimos acordos com o sindicato, a Boeing teve que aceitar concessões, como o fim de um plano de pensão tradicional e o aumento das contribuições dos funcionários para o plano de saúde, em troca da empresa desistir da ameaça de construir os então planejados 737 Max e 777X em novas fábricas não sindicalizadas.

A Boeing tem enfrentado uma série de contratempos nos últimos cinco anos, começando com a paralisação de 20 meses de seu avião mais vendido, o 737 Max, em 2019 e 2020, após dois acidentes fatais ligados a uma falha de design no avião.

Além disso, a receita da Boeing despencou durante a pandemia, à medida que uma queda acentuada nas viagens aéreas causou grandes perdas para seus clientes, as companhias aéreas.

Em janeiro, um plugue de porta se soltou de um 737 Max operado pela Alaska Airlines 10 minutos após a decolagem. Embora ninguém tenha morrido no incidente, ele trouxe nova atenção para problemas de qualidade e segurança na Boeing, especialmente depois que foi determinado que o avião em questão saiu da fábrica sem os quatro parafusos necessários para manter o plugue da porta no lugar.

Os diversos problemas da Boeing resultaram em perdas operacionais principais que totalizam US$ 33,3 bilhões desde a paralisação da linha Max em 2019. As previsões indicam que as perdas continuarão até o final deste ano. A Boeing corre o risco de ter seus títulos de dívida rebaixados para status de “junk bond” devido ao grande aumento no endividamento para cobrir as perdas durante esse período.

Isso contrasta com as condições financeiras de algumas outras grandes empresas que fecharam acordos sindicais lucrativos no ano passado, como UPS, General Motors, Ford e Stellantis. Essas empresas relataram lucros recordes antes dessas negociações.

Mas os problemas da Boeing significavam que a empresa não estava em posição de lidar com trabalhadores em greve pela primeira vez em 16 anos. E os executivos da empresa admitiram isso ao entrar na rodada final de negociações.

O ex-CEO Dave Calhoun disse aos investidores em julho que a intenção da Boeing era evitar uma greve e deu a entender que a empresa estava disposta a fazer grandes esforços para evitar uma paralisação.

“Sabemos que os pedidos de aumento salarial serão grandes”, disse Calhoun. “Não temos medo de tratar bem nossos funcionários nesse processo. Então, vamos trabalhar o máximo que pudermos para evitar uma greve.”

Seu sucessor, Kelly Ortberg, que começou no cargo em 8 de agosto, emitiu uma declaração em sua primeira semana dizendo que queria “reiniciar” as relações com o sindicato após se reunir com a liderança deles.

Matheus Augusto

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