Especialista de MT alerta para riscos do uso indiscriminado de antibióticos

A detecção de bactérias resistentes a antibióticos triplicou durante a pandemia de covid-19. É o que afirma o estudo feito com base em amostras recebidas pelo Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que superbactérias causam cerca de 700 mil mortes anualmente. 

O médico infectologista Luciano Corrêa Ribeiro explica que essas “superbactérias” estão associadas ao uso repetido e indiscriminado de antibióticos, fazendo com que elas passem por mutações e resistam às ações do medicamento, o que coloca a população numa situação suscetível a infecções banais.

Dados da Fiocruz apontam que, em 2019, o laboratório do instituto recebeu pouco mais de mil amostras de superbactérias de diversos estados para análise aprofundada. Em 2020, primeiro ano da pandemia, o número passou para quase 2 mil. Em 2021, apenas no período de janeiro a outubro, o índice ultrapassa 3,7 mil, um aumento de mais de três vezes em relação a 2019 período pré-pandemia.

O relatório ao qual o infectologista se refere foi divulgado em 9 de dezembro e aponta o aumento da resistência a tratamentos de várias bactérias que causam infecções comuns O estudo foi realizado com dados relatados por 87 países. De acordo com o médico, houve um aumento do uso de antibióticos nos hospitais durante a emergência sanitária, tanto no Brasil como no exterior.

Estudos

Um estudo internacional publicado em janeiro deste ano, da European Society of Clinical Microbiology and Infectious Diseases identificou tratamento com antibióticos em mais de 70% dos pacientes internados por covid-19. Em contrapartida, a presença de co-infecções causadas por bactérias foi estimada em 8%. 

Em agosto, a Anvisa publicou uma Nota Técnica com orientações para prevenção e controle da disseminação de bactérias resistentes em serviços de saúde na pandemia. O texto reforça que os antibióticos não são indicados no tratamento de rotina da covid-19, já que a doença é causada por vírus.

Dessa forma, os fármacos são recomendados apenas para os casos com suspeita de infecção bacteriana, não devendo ser prescrito de forma indiscriminada para tratamento de infecções como gripe ou resfriados comuns e mesmo no caso da covid-19 em sua fase inicial.

“Não se pode tomar antibiótico por indicação de balconistas de farmácia, conhecidos ou familiares. Para que esses medicamentos continuem eficazes, devem ser usados com critério e apenas com prescrição médica em receita controlada”, explica.

Fonte: leagora

Matheus Augusto