“Quem não tem dinheiro que faça campanha no talento”, critica Jayme
O senador Jayme Campos (DEM) criticou o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões aprovado pelo Congresso Nacional na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para as eleições de 2022. Em entrevista nesta quarta-feira (21), Jayme defendeu que as campanhas devem ser feitas com recursos dos próprios candidatos e não financiadas com dinheiro público. Para o democrata, quem não tem dinheiro deve fazer a campanha “no talento”.
“Quer ser candidato então banque a sua própria campanha, vai gastar a sola do sapato. Porque a sociedade vai bancar a campanha de quem quer ser deputado federal, estadual, prefeito, vereador, governador por exemplo? Banque com o seu”, declarou o senador que acredita que o presidente da República Jair Bolsonaro irá vetar a medida.
O valor do Fundo eleitoral triplicou desde as eleições de 2018, passando de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões, um aumento de mais de 185%, bem maior que a inflação do período. A proposta foi aprovada na última quarta-feira (15).
De acordo com Jayme essa proposta é inviável principalmente durante uma pandemia.
“É inconcebível que em plena pandemia aprovar R$ 6 bilhões para o Fundo Partidário. Vamos trabalhar, né amigo. Quem tem dinheiro faz. Quem não tem, faz no talento. Eu faço no talento. Então não vai para uma luta e faz campanha só quando tiver dinheiro”, ressaltou.
“É inadmissível um país que tem 19 milhões de desempregados e a pandemia demostrou essa fragilidade. Esse recurso poderia ser para comprar mais vacinas, melhorar nossos hospitais, nossa rede pública de ensino, buscar política social para dar pelo menos um sacolão, botar uma oportunidade a alguns milhões que estão a margem, devemos resgatar a cidadania”, concluiu.
Ainda para justificar sua opinião, o senador comentou sobre o caso de pessoas flagradas em filas de açougues, em Cuiabá, atrás de “ossinhos ” para se alimentar. A situação teve destaque na imprensa nacional.
” Agora mesmo vi uma matéria que o Brasil até o mês de julho teve um superávit da sua balança comercial de 37 bilhões de dólares, de exportação de commodites, é carne, é soja, é algodão e assim por diante. O que adianta termos isso e ver pessoas na fila pegando pedacinho de osso, de resto de açougue. Aqui [Mato Grosso] é um estado rico, que contribui hoje com a balança comercial com a grande produção agrícola, onde está essa riqueza?”, questionou.
Pelas redes sociais, Bolsonaro já adiantou que vetará a proposta.